quinta-feira, 3 de julho de 2008

O ser e o estar: nada é o que primeiro aparenta...



Somos ou estamos professores?
Somos ou estamos pais?
Somos ou estamos alunos?
Somos ou estamos cantores?
Ser ou estar, eis a questão!

Conheço muitos que estão alguma coisa (por força de hábito, conveniência, convivência, medo, necessidade, etc.) mas não são o que aparentam.

Nem todo professor é educador, pois educar pressupõe mais do que ter didática, estrutura e metodologia. Têm alguns que estão pós-graduados, mas não são tudo o que dizem ser. Outros falta tempo e recursos para se especializar, mas têm o dom de encantar e de educar.

Querer não é poder... Eu sou professor e não estou professor. Mais, me considero um educador sempre aprendendo que nada sei... Têm muitos que estão mas não são, de fato educadores...

Não se preocupem, caro amigos e colegas da Educação, isso não é desabafo nem desatino contra algo que me fizeram, muito pelo contrário. Tenho 15 anos e meio de educação, nas mais variadas atividades, e tive sorte de conhecer mais educadores que são do que estão... Aprendi mais do que ensinei.

O que me levou a escrever essas linhas é o vídeo que assisti hoje pela manhã, graças a colega e amiga Janaina Martins, que me mostrou, lá na guia "Parada Obrigatória", da Comunidade NTE - RS, no ambiente TelEduc, da Seduc-RS.

As aparências e os juízos de valores precipitados enganam mesmo. Pensei, quando ela me chamou para assistir o vídeo de cerca de 5 min. que se tratava de uma dessas "pegadinhas", já que a canção parecia playback, e o cantor galês era um ilustre desconhecido. Vejam então e surpreendam-se como eu entre o Ser e o Estar...

Assistam o vídeo acima, capturado do YouTube, com legendas, mostrando o desafio de Paul Potts, galês, vendedor de celulares, que tinha o sonho de ser cantor de ópera, e ao participar de um concurso de talentos. Primeiramente foi menosprezado, até começar a cantar a inesquecível Nessun Dorma, que Luciano Pavarotti celebrizou.

É um exemplo de que as aparências enganam, que os equívocos de avaliação de alguém apenas pelo que ele demonstra exteriormente são enormes, e que acreditar com persistência, auto-crítica e humildade em si mesmo e depois em seus sonhos é o caminho para professores, pais e alunos. Muitas vezes rotulamos as pessoas pelo que elas aparentam e não pelo que de fato são. Há muita bela embalagem vazia, e muitos tesouros enrolados em papel de embrulho.

Em 15 anos de trabalho e vocação na Educação, já conheci alunos tidos como rebeldes sem causa, com um grave problema familiar e social às suas costas, sem ter com quem compartilhar. Já vi colegas desestruturados por conta de um turbilhão emocional interior e exterior, além da imaginação. Conheci pessoas que apesar disso, nunca demonstraram nem descarregaram em colegas e amigos seus desajustes. Aprendi que somos o resultado de nossas escolhas (como disse um poeta), mas acima de tudo, o resultado das escolhas que o mundo e a vida não nos permitem.

Já assisti a esse vídeo quase dez vezes, e em todas a emoção toma conta de meu ser, por ver a humildade e o talento de Paul Potts e pela cara de espanto dos jurados quando ele começa a cantar. Imperdível. Vale a pena ver de novo, mostrar aos alunos, pais e professores que olham para seus semelhantes com o mesmo ar de descaso que o vídeo demonstra.

Emociono-me também com a música Nessun Dorma, já que fiz inclusive um poema com esse mesmo nome, poucos dias depois da morte de Pavarotti, quando o meu ex-professor e hoje colega de Academia Rio-Grandina de Letras (uma de minhas referências como exemplo de educador no curso de Direito e na vida), abordou em reunião acadêmica um texto que falava sobre a vida e obra de Luciano Pavarotti e sua perda para a arte e cultura mundiais.

O blog Letra Viva do Roig, no mês que completa dois anos de existência, e no mesmo mês que o jornal virtual de minha autoria, com o mesmo nome completa 4 anos de diletantismo, não poderia deixar de avançar além da educação e da tecnologia e ir ao encontro da arte e da cultura. Que ninguém durma sem saber se está ou é alguém...

Observação 1: O vídeo Nessun Dorma, com Paul Potts (versão legendada) pode ser baixada do YouTube, pelo link abaixo.

Nessun Dorman com Paul Potts (legendado)

Observação 2: Meu poema Nessun Dorma (escrito em 11/10/2007), link abaixo para meu blog ControlVerso.

Nessun Dorma, de José Antonio Klaes Roig

Fonte: Postagem retirada do Letra Viva do Roig

2 comentários:

Robson Freire disse...

Olá Cursistas

Estávamos eu a Sibele e a Zezé conversando sobre como os professores estavam desmotivados e "satisfeitos" com a vidinha deles. Mas ai eu estava vendo os blogs dos amigos e encontrei essa coisa maravilhosa no Letra Viva do Roig.

O vídeo é simplesmente demais. reparem como os jurados olham para o "vendedor de celular" que estava ali para cantar opera.

Que prepotência dele cantar opera!!!

Mas que de repente o palco se ilumina com o poder da voz dele e a todos emociona. Apesar de todos os julgamentos pré concebidos sobre ele: feio, gordo, com os dentes desalinhados, desarrumado e fora de moda, mas ele a todos surpreende com seu talento.

O que aprendi é que apesar de estar na vanguarda das tecnologias, saber dominar as mais modernas praticas pedagógicas, posso me surpreender e aprender sempre mais um pouco.

No nosso curso temos falado muito sobre como se reinventar, mas primeiro devemos saber quem somos e o que queremos. Pois estar professor e não ser professor só vocês vão poder saber e dizer.

Meu conselho para vocês é que apesar de todas as probabilidades contras você que é "velho e ultrapassado" abra "sua boca" e surpreenda o mundo com o seu talento.

Abraços

Obs.: Vejam e revejam o vídeo quantas vezes puderem e tentem fazer como ele.

Anônimo disse...

Olá, Colegas!
De fato, a história passada pelo vídeo é muito interessante e evoca muitas reflexões... Ainda mais se nos determos na letra de Nessun Dorma:
"Que ninguém durma...
[...]Mas meu segredo permanece guardado dentro de mim
O meu nome ninguém saberá...
[...]Parta, oh noite
Esvaneçam, estrelas
Ao amanhecer eu vencerei!
Vencerei! Vencerei!"

Detenho-me na palavra noite cuja principal leitura conotativa em todos os tempos é de seu significado de trevas, obscurantismo, desânimo... Mas nada como um dia após a noite para nos animar, nos renovar e revigorar nossas crenças. Há muitas noites na vida de um professor, não é mesmo?! Às vezes ficamos desanimados pela sensação de não colhermos o fruto de nosso trabalho. Ficamos frustrados com o resultado de provas e testes... mas é preciso nos lembrar sempre de que fazemos diferença na vida de nossos alunos e alunas sim. Nenhum professor passa em branco... Estamos construindo saberes, convivência e uma sociedade nova. É que nossa tarefa não é utilitarista, os resultados não são a curto prazo, pois se o tempo passa depressa, a vida passa mesmo é devagar. É preciso acreditar nisso... é necessário não desanimar... que nenhum de nós durma.
Um grande abraço.